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CRITÉRIOS TERESIANOS 

indicados por Santa Teresa de Jesus de Ávila, para a seleção de candidatas ao estilo de vida que instaurou nos seus Mosteiros

Santa Teresa deixou-nos uns critérios gerais e outros particulares à hora de discernir e selecionar as vocações para o estilo de vida que instaurou. Aqui vamos apresentar os critérios particulares para as candidatas que se apresentam ou que porventura já estão em formação dentro do Mosteiro:

  1. «Que sejam pessoas de oração e para o nosso modo» diz Santa Teresa. Explicamos: Os dois elementos são necessários: Poderá haver pessoas muito devotas e desprendidas do mundo que cultivam, a oração; mas vivem esta dimensão religiosa em formas muito esquisitas e pessoais. Neste caso, se não soubessem abdicar das suas maneiras pessoais, para se adaptarem a um crescimento harmonioso segundo o jeito do Carmelo não serviriam.  Contudo, a condição geral é que sejam pessoas de oração. Não que sejam mestras experimentadas, pois a mesma Comunidade é escola de oração e as guiará por este caminho.

  2. «Que sejam desprendidas do mundo!». Quando uma jovem se apresenta e tem realmente vocação uma das coisas que sente profundamente é um grande vazio de tudo: amizades, diversões, etc...O desprendimento dos valores mundanos: dinheiro, honra, fama, prazeres, vaidades, luxos, é um requisito tradicional da ascética da Vida Religiosa. Neste ponto não pede só uma disposição geral de boa vontade mas uma efectiva «mentalidade nova» e não mundana:  «que venham desprendidas do mundo porque se não, não poderão sofrer a nossa vida, mais vale olhar antes, do que depois termos que as mandar embora!» (Const 50) e «Esta Casa é um Céu, se o pode haver na terra, para quem se contenta de só contentar a Deus e não faz caso do seu próprio contentamento!. Neste caso vive-se muito bem!» (C.P. 13,7)

A rejeição da mentalidade mundana fica bem expresso no termo «DESPRENDIMENTO» em que Santa Teresa insiste muitíssimo nos seus escritos: «Desprendida de todo o criado para voar ao Seu Criador sem ir carregada de terra e chumbo» neste sentido se compreende ainda melhor o que disse: « Acreditai-me nisto...porque o estilo que pretendemos levar é não só ser monjas, mas eremitas e assim se desprendem de todo o criado; e a quem o Senhor escolheu particularmente para aqui , vejo que concede esta graça, mesmo que por agora não seja com toda a perfeição...»

 

​3. «Que tenham capacidade psicológica de se esquecerem de si mesmas». Viver em Comunidade é estar disposta a esquecer-se de si mesma, é fazer viver os outros deste a minha «kénosis».  St Teresa mostra-se firme em não dar  entrada nas suas Comunidades a pessoas que não podem viver senão entre  lisonjas e louvores: « amigas de serem estimadas e tidas em conta e a olhar as faltas alheias e nunca conhecer as suas e outras coisas semelhantes...Livre-vos Deus de que fiquem em vossa companhia! Entendei pois que nem ela terá sossego nem vos deixará sossegar a todas!» (CP (E) 19,5)

Não se trata de uma intransigência. Ela tem uma visão muito realista da vida e compreende as fragilidades das pessoas. Mas aqui trata-se de uma questão de aptidão para a vida do grupo: o desejo irreprimível de ser-se adulada e a incapacidade psicológica para o esquecimento de si mesma que, segundo ela, é por falta de humildade. Por isso distingue muito bem o que é fraqueza e fragilidade humana (que neste caso a pessoa vai melhorando e superando esta fragilidade humana que todas trazemos) daquilo que é já uma característica da personalidade e índole doentia, de uma pessoa constantemente voltada sobre si mesma. A tradição teresiana recolhida pelos seus herdeiros directos fala da repulsa  que lhe provocavam as noviças auto suficientes, que pensavam que vêm ensinar as demais Irmãs (B. Ana de S. Bartolomeu in Formación de novicias II 4,1). Antes da Profissão tudo isto deve ser discernido pela Comunidade

4. «Tenham bom entendimento»: «Grande coisa faz um bom entendimento para tudo!» (F. 31,39) diz Santa Teresa e incluso mostra-se disposta a passar por alto outras deficiências das suas noviças ou postulantes se estão bem dotadas de entendimento. Mas o que é este «bom entendimento» de que fala?

 - Significa lucidez de mente, sensatez, sentido da realidade. Nada tem a ver com preparação cultural...como diz ela: «Porque muitas falam bem e entendem mal!». «O bom entendimento que Teresa queria não era cultura literária nem um cérebro extraordinário. Era agilidade mental para - nas relações fraternas - escutar e compreender, elasticidade moral e adaptabilidade, clareza de juízo e sentido de realidade» (cf Efén Montalva, la herencia teresiana)

5. «Que tenham equilíbrio psíquico: Sobre o equilibrio psíquico, Teresa refere-se principalmente às pessoas que sofrem de melancolia, já que apresentam um desequilibro e como tal, origem de inumeráveis problemas tanto a nível pessoal como a nível comunitário. No campo da seleção de candidatas, este tipo de pessoas constituiu uma das maiores preocupações para a insigne Doutora da Igreja.  O que é a melancolia?  «A melancolia é para a psiquiatria moderna uma enfermidade caracterizada pela presença de uma tristeza patológica. Na melancolia - no  séc. XVI - incluíam-se não somente aquilo que a chamamos "tristeza patológica" ou permanente, mas também outros tipos de alterações tais como: a histeria, as obsessões e certas personalidades patológicas» (López Ibor). O facto de não dar entrada a pessoas melancólicas é lógico para quem conhece o tom da simples alegria e humor que Santa Teresa quis imprimir nas suas Comunidades

 

6. «que tenham capacidade de convivência»: Aqui Santa Teresa considera duas situações:

1. a candidata que tem uma forte tendência para as singularidades, que alvoroça e perturba a paz das relações fraternas não é apta e não deve ser admitida à profissão por espiritual que pareça. Trata-se de impedir a entrada definitiva a pessoas incapazes de conviver em paz, conflituosas. Isto não é nada de admirar quando se trata do convívio numa comunidade pequena.

 

2. Santa Teresa  vê que as pessoas de espírito fechado e individualista, presas aos seus pontos de vista são incapazes de se abrirem à comunicação. Também este aspeto tem de ser trabalhado e discernido cuidadosamente durante a formação. Ela também aponta aquelas pessoas com falta de abertura e simplicidade, não como fragilidade superável com o tempo, mas como patologia e onde não há abertura e simplicidade não há verdade.  Esta falta de transparência tem de ser bem vigiada durante a formação da candidata, pois a incapacidade de viver em verdade é um impedimento para a união com Deus e por isso para a nossa vida.

Diz Santa Teresa com uma afirmação categórica: «Que não fique entre vós pessoa que possa ser motivo de inquietação»  (C.P. 7,1) .

Concluindo: Para que a Comunidade se mantenha unida e voltada para Deus, deve ser muito livre e lúcida à hora do discernimento vocacional de cada candidata, para poder admitir somente aquelas que Deus chama a este género de vida. Além disso é uma forma de  evitar  os conflitos que poderiam colocar em perigo o crescimento e a própria identidade do grupo. (cf La Comunidad en Teresa de Jesús - J.J. Murillo)

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