Carmelo da Santíssima Trindade
Monjas da Ordem dos Irmãos Descalços
da Bem-Aventurada Maria do Monte Carmelo

«JESUS, esse Louco de Amor tornou-me louca por ELE!»
Sta TERESA DOS ANDES
Por Saverio Cannistrà, OCD
Num curto espaço de tempo, ela percorreu um admirável caminho de santidade e deixou-nos uns preciosos escritos, onde nos narra a sua experiência e o seu itinerário espiritual.
Por este motivo, quero oferecer alguns pontos de reflexão, como um convite a imitar a vida desta santa, chamada a “pequena Teresa” do Chile.
Testemunho de vida. Alguns dados biográficos
Embora ela seja conhecida como Teresa dos Andes, o seu nome religioso é Teresa de Jesus, como a da nossa Santa Madre, a quem ela professa uma grande devoção. Apesar do nome lhe parecer grande demais para ela, quer chamar-se Teresa de Jesus “para que Jesus possa dizer-lhe a ela que Ele é o Jesus de Teresa”.



Paroeira da Juventude Latina-Americana
Nasceu a 13 de julho de 1900 em Santiago do Chile. Os seus pais são Miguel Fernández Jaraquemada e Lucía Solar Armstrong, de ascendência espanhola. No batismo recebe o nome de Juanita Enriqueta Josefina dos Sagrados Corazones Fernández Solar. Conhecemo-la pelo nome de Juanita; é a quarta de seis irmãos, que a amam com loucura; é a irmã mais amada por todos.
Juntamente com Rebeca, a sua irmã mais nova que a seguirá, após a sua morte, no Carmelo de Los Andes, recebe uma esmerada formação no Colégio do Sagrado Coração, uma das melhores escolas de Santiago do Chile, onde estuda até aos 18 anos com resultados brilhantes. Mas, sobretudo, recebe uma refinada formação cristã no seio de uma família
abastada e muito católica, porque Deus “não quis que ela nascesse pobre”, embora se venha a tornar pobre por Ele: “Só quer a Jesus”.
Nas férias de verão passa longos períodos na propriedade familiar Chacabuco, perto de Los Andes. Dedica longos momentos à oração diante do Santíssimo Sacramento, catequiza os filhos das famílias que trabalham na fazenda, participa nas missões que são organizadas para essas famílias, cuida dos trabalhadores da fazenda e ajuda os pobres que batem à sua porta
Também pratica desporto e com as suas amigas dá grandes passeios a cavalo pela Cordilheira dos Andes; é uma “perfeita amazona”. Mas no seu horizonte está sempre presente o ideal do Carmelo, que um dia projeta abraçar.
Concluídos os estudos, revela à sua irmã Rebeca um dos seus segredos mais bem guardados: o seu desejo de ser religiosa. Teve de lutar por ele e superar muitas dificuldades; entre elas, a oposição, especialmente do seu pai, que idolatrava a sua filha mais querida, e a dos seus irmãos, que não viam sentido na sua vocação.
Mas ela não desiste dos seus esforços. A 5 de setembro de 1917 escreve pela primeira vez ao Carmelo de Los Andes, expressando o seu desejo de ser carmelita. A 11 de janeiro de 1919, acompanhada pela sua mãe Lúcia, que não deixou de a apoiar, foi visitar a prioresa do mosteiro, Madre Angélica Teresa, e inicia a preparação para a sua entrada apesar das lágrimas da família que isso implicava. Entra a 7 de maio de 1919.
No seu caminho até ao Carmelo sente-se guiada pelos seus diretores espirituais mas, sobretudo, pelos Mestres do Carmelo, que foram para ela um farol luminoso.
O seu Mestre Divino e os Mestres do Carmelo
Deve-se dizer que o seu Mestre por excelência é o próprio Jesus, que a instrui interiormente, como afirma repetidamente no seu Diário:
“Em 1906 foi quando Jesus começou a tomar o meu coração para Si […] Jesus, desde esse primeiro abraço (Primeira Comunhão em 1910) não me libertou e me tomou para Si. Todos os dias comungava e falava com Jesus por longo tempo. Mas a minha devoção especial era a Virgem. Contava-lhe tudo. Sentia a sua voz dentro de mim própria”. Jesus é o seu Evangelho e Maria o espelho em que se reflete.
Também se sentiu iluminada interiormente pelos Mestres do Carmelo. Das suas fontes, bebe Teresa dos Andes o melhor da sua espiritualidade, que lançam novas luzes no seu caminho até ao Carmelo. Sem dúvida, eles constituem um importante ponto de referência para descobrir a sua vocação, a sua mensagem e a sua missão na Igreja. Ela própria nos remete a essas fontes: Teresa de Jesus, João da Cruz, Teresa de Lisieux e Isabel da Trindade.
Juanita lê desde tenra idade a Vida e o Caminho de Perfeição de Santa Teresa de Jesus, que imprimem nela uma marca profunda. São várias as ressonâncias que encontramos nos seus escritos, particularmente sobre a oração teresiana e as quatro formas de regar o jardim (cf. Livro da Vida, 11).
Mais tarde, alguns meses antes de entrar no Carmelo, lê a Suma Espiritual de S. João da Cruz, publicada em Burgos em 1900. A sua leitura aviva nela a chama de amor viva que já havia aprisionado o seu coração. À luz dessa leitura descobre muitas das experiências que tinha tido anteriormente.
Entre ambas as leituras está a leitura de Teresa de Lisieux e de Isabel da Trindade, duas figuras mais próximas dela, quase contemporâneas, cuja influência mudou a espiritualidade contemporânea. Teresa dos Andes confessa que sua vida é muito semelhante à dessas duas santas carmelitas francesas. De fato, nos seus escritos encontram-se muitas expressões e muitas ressonâncias.
O legado da sua experiência: Diário e Cartas
Teresa dos Andes não é uma escritora propriamente dito, nem escreve para que os seus escritos sejam um dia publicados; escreve simplesmente para comunicar as suas experiências e partilhar os seus sentimentos e estados interiores aos seus interlocutores.
Para esse fim, em setembro de 1915, começa a escrever o seu Diário enquanto estudava como interna no colégio e termina-o no Carmelo. Descreve toda a trajetória da sua vida, embora com muitas interrupções. São páginas incandescentes, de uma extraordinária frescura, nas quais derrama toda a sua vida e toda a sua experiência.
Deixou-nos também um precioso legado de 165 Cartas, assim distribuídas: 84 à sua família; 37 às suas amizades; 23 aos seus diretores espirituais e 21 à Prioresa do Carmelo. São cartas escritas com grande ternura e transparência, que transmitem paz, alegria, felicidade, consolo e esperança, mas acima de tudo amor; um amor por todos, que encontra o seu manancial em Deus e na oração contemplativa do Carmelo.
São a expressão dos seus sentimentos mais profundos de amor, carinho, proximidade; são um reflexo de sua sensibilidade e sua maturidade humana e espiritual. Nelas vai descrevendo as próprias experiências com uma incrível simplicidade e transparência.
São de realçar as cartas que escreve ao pai pedindo a sua autorização para entrar no Carmelo; bem como as que escreve ao seu irmão Lucho explicando-lhe o significado da sua vocação; também as que escreve a sua irmã Rebeca, sua confidente mais íntima, a quem primeiro havia revelado o segredo da sua vocação.
São cartas muito semelhantes às escritas por Teresa de Lisieux às irmãs, comunicando-lhes o segredo do seu caminho da infância espiritual; e semelhantes às que escreve Isabel da Trinidad a sua irmã Margarita partilhando com ela a sua missão de ser louvor de glória. Da mesma forma, Teresa dos Andes quer partilhar com a sua família as suas amizades e experiência de amor.
Uma luz no alto do monte: Irradiação eclesial da sua mensagem
A espiritualidade de Teresa dos Andes atinge o mais alto reconhecimento eclesial da sua santidade, ao ser beatificada por S. João Paulo II na sua visita a Santiago do Chile (3 de abril de 1987) e canonizada pelo mesmo Papa em São Pedro (21 de março de 1993).
Na sua homilia de beatificação propõe-na como fonte de alegria infinita e como modelo de vida evangélica para os jovens. No mesmo ano da sua beatificação, os restos mortais da Beata foram trasladados para o novo Mosteiro de Auco (a 11 quilómetros de Los Andes) e posteriormente depositados na cripta do Santuário que foi inaugurado no ano seguinte. Aqui peregrinam massivamente, todos os anos, jovens e devotos de todos os cantos do Chile e de outros países da América do Sul.
O Santuário de Teresa dos Andes converteu-se num foco de irradiação da espiritualidade desta jovem carmelita chilena, que alcança toda a Igreja e atravessa as fronteiras da grande Cordilheira dos Andes, como um raio de luz que ilumina a nossa sociedade moderna secularizada, mas em busca de um novo sentido para a vida.
Como afirmou João Paulo II no dia de sua canonização na Basílica de São Pedro:
“Deus fez brilhar admiravelmente nela a luz de seu Filho Jesus Cristo, para que sirva de farol e guia para um mundo que parece cego pelo esplendor do divino. Para uma sociedade secularizada, que vive de costas para Deus, esta carmelita chilena, que com grande alegria apresento como modelo da eterna juventude do Evangelho, oferece o testemunho limpo de uma existência que proclama aos homens e mulheres de hoje que no amar, adorar e servir a Deus estão a grandeza e a alegria, a liberdade e a realização plena da criatura humana. A vida da bem-aventurada Teresa grita de forma silenciosa desde o claustro: Só Deus basta! ”.
À luz destas reflexões que quis oferecer à Ordem, evocando a figura de Teresa dos Andes, gostaria que nos sentíssemos convidados por esta sempre jovem carmelita chilena a seguir o seu caminho de santidade. Celebrá-la será também um incentivo a aprofundar os seus escritos e a difundir a sua mensagem de grande atualidade para o mundo de hoje.
Concluo destacando que esta celebração vem ao encontro da reflexão carismática que empreendemos neste sexénio. Sem dúvida será possível encontrar em Teresa dos Andes inspirações que sem dúvida enriquecem a nossa reflexão e nos ajudam a revitalizar o nosso carisma.
Teresinha do Menino Jesus
Joaninha
Chiquitunga
Sabete
Fininha
Cecí